Juliana Borges

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por Juliana Borges

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A mulher que está disposta a aprender com a vida, com as pessoas. Quem procura mais do que nunca, sonhar, Ser feliz. Criei este canal para quem assim como eu, está em busca de conhecimento. Não são bem-vindas pessoas que buscam "manchar" a imagem do outro, seja lá quem for. Este canal não nasceu para maledicências.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Para Minhas Alunas Queridas parte I - ritmos árabes


Olá queridas!!!!

Como sei que o blog tem sido visitado por vocês, minhas alunas, meninas lindas e super estudiosas, vou utilizá-lo, algumas vezes para postar aqui, alguns arquivos e links úteis para estudo.

O primeiro deles, já que temos tratado de leitura musical e afins, será relativo ao próximo assunto de que estou, há alguns dias, preparando um post... sobre ritmos árabes.

Encontrei uma apostila, que não é necessariamente voltada em seu foco principal aos ritmos árabes, mas sim, aborda os ritmos, de forma diferenciada.

Eis a apostila, um curso prático de Tabla Árabe, que estou postando em link bem aqui, para que todas estudem bastante, afinal... bailarina não pode ser só "a casca" concordam?

Bons estudos a todas, minhas alunas ou não, mulheres curiosas ou bailarinas, que recentemente têm me dado a honra da visita e tempo gasto aqui, nesse blog.

Beijos e até amanhã, quando posto meus conhecimentos sobre ritmos árabes, mais especificamente.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Dançando Músicas Clássicas - parte I

Olá ayunis!
Hoje gostaria de compartilhar com vocês, uma das formas de interpretar tecnicamente uma música clássica sem cometer erros, lembrando que todas as regras aqui ditadas são válidas para apresentações em Casas de Chá, não em palcos ou competições, onde regras como as que vou citar são simplesmente desconsideradas, não representando erros.

Gostaria também de ressaltar que todas as citações aqui, são retiradas de aulas com minhas professoras, em especial a Tahya (vale sempre citar as principais fontes) e também de apresentações assistidas da Casa de Chá Khan El Khalili. Preciso ressaltar que o que nesse contexto pode ser super utilizado e válido, pode não ser considerado para outras escolas ou "clãs de dança do ventre" (como assim podemos chamar as escolas e coligações concorrentes da dança, que sem hipocrisia sabemos e muito bem, que existem), como por exemplo escolas de Luxor e conveniadas, em que notamos outras características bem definidas (e digo que nada se perde nisso no quesito qualidade).

Mais uma vez, preciso dizer que esse post segue carregado de impressões pessoais da bailarina que vos fala, e que essas impressões NÃO são a verdade absoluta, podendo ser contextados abertamente e está aqui aguardando as críticas de vocês... vale lembrar que espero críticas construtivas...

Seguem aqui também, muito do que aprendi com a Professora Tahya Brasileye, para novamente reiterar a fonte principal desse conhecimento.

Vamos lá... depois de tantas explicações e cuidado ao explanar sobre o assunto, vamos ao tema:

Há muito tempo, tenho observado que nas apresentações de bailarinas em músicas clássicas na dança oriental árabe, existem certas regras que sempre são obedecidas para que haja certa "harmonia e equilíbrio" em cena. Aqui não trato da expressão da bailarina, que nesse momento, já deve ter sido estudada e construída na dança, muito menos de sua técnica e construção de passos e movimentos característicos de nossa arte, não... Nesse momento da dança, todos esses pontos já necessitam possuir plena harmonia: a expressão, os movimentos (técnica), a leitura musical... tudo isso, nesse momento já deve estar estruturado para passarmos ao passo de que estou falando, e os itens acima são assunto para outros posts... vamos devagar...

Estou falando do comportamento da bailarina em cena, e do contexto de sua apresentação... de seu início, meio e gran finale... enfim, das "regras", (é difícil falar disso sem utilizar a palavra REGRA, por mais que eu não queira impor isso como tal, e nem deva... afinal... Quem sou eu pra isso???... mas é uma palavra que explica bem o que eu gostaria de dizer).

Tudo começa com a música clássica... e sua introdução...

Na música clássica, a introdução da música é o momento importante...

O público aguarda, e comumente a música começa... e se passam alguns longos segundos (longos para quem espera, nunca para a bailarina, que sente o friozinho na barriga, e as pernas quererem parar por alí mesmo...) e em instantes, a música se apresenta, e se apresentam os músicos, (quando há música ao vivo), e você como bailarina, já sabe qual é o "drama" que vai encarar... se conhece a música, ok, maravilha, caso o contrário, irá confiar na sua experiência, em sua leitura musical, em sua qualidade técnica e em seu conhecimento adquido durante os anos em que dançou...

A Introdução da Música - O Momento de Espera:

Normalmente, em uma Casa de Chá, a bailarina não dança a introdução, o público aguarda sua entrada nesse momento. Assim, a regra se repete em shows que assisto por aí, inclusive com bailarinas de "clãs diferentes", escolas diferentes... exceto em alguns concursos, onde normalmente a introdução precisa ser "cortada", retirada da música por conta da contagem de minutos, normalmente restrita em palco.

A Introdução da Bailarina - O Momento mas Próximo da da Entrada em Cena e da Melodia:

A introdução da música a apresenta, pode ser super grande, ou bem pequena, mas você identifica que ela acaba apenas quando inicia-se a Introdução da Bailarina, normalmente (e isso não é regra), a música muda de humor e dá início a toques de derback ou de instrumentos percussivos que parecem conversar com você... e te avisar: "Prepara que vai começar"... isso pode durar apenas alguns segundos e pode ser mesmo bem rápido... mas depois que você identificar esse toque na primeira música, você o identificará sempre...

Momento da Entrada - Na Melodia, a Bailarina se Apresenta:

Após a Introdução da Bailarina, temos a melodia, ela começa e a bailarina precisa ter começado com ela, como se a bailarina anunciasse a todos, com sua presença, que a música que realmente começa, que realmente inicia sua evolução... e nesse momento, o da entrada, é importante a comunicação com o público, a saudação, é o "ganhar o público", cativar a platéia... e como sempre é hiper necessário todos os tipos de deslocamentos possíveis, imagináveis, para encher a sala de "vida"... Chegou a tão esperada...

Identificar a Melodia é fácil depois de um tempo, é como minha amiga Monah disse uma vez pra mim, antes de uma prova: _ A música vai pedir pra que você entre, nesse momento, ela exige o seu movimento, mova-se, desloque, use e abuse dos arabesques... Pra ajudar quem está iniciando e pra facilitar a compreensão já que estou explicando à distância, pense que ela vem sempre na entrada, depois da "Introdução da Bailarina", que está presente na música inteira, mesmo que tocada de formas diferentes, ou em velocidades diferentes, como um dos nossos refrões de música ocidental.

Momento Técnico - A Bailarina Mostra sua Técnica:

Esse momento virá em várias partes da música, e será também seguido de outros momentos de melodia, sempre... São os momentos em que a bailarina para para mostrar sua evolução, movimentos e técnica, onde mostra sua destreza com a dança... e quando a melodia vem, voltamos ao passo acima, para nossos deslocamentos, sempre lembrando de mudar, e se preocupando para não nos tornarmos repetitivas... finalizando sempre os movimentos que começa, para manter limpa sua dança... e mais uma vez a leitura musical mostra sua importância...

Momento Mudança de Humor - A Bailarina Mostra Diferentes Faces de Sua Dança:

Toda música clássica, carrega consigo normalmente uma rica bagagem de ritmos e sons diferentes, e normalmente fica fácil identificar, conhecendo préviamente os ritmos árabes que em todas elas, há uma mudança de humor, drástica em algumas músicas, super discreta em outras... Algumas músicas trazem consigo um Khaleege, um Saidi ou até um Zaar pra quebrar a rotina... Sim, poderíamos chamar de quebra de rotina na música, ou até mesmo de mudança de humor... Então, concluímos que a bailarina precisa mudar de humor juntamente com a música... o que em concursos e pré-seleções por aí, pode demonstrar conhecimento apurado ou não da dança do ventre... e pode, muitas vezes desclassificar uma bailarina em um concurso, quando passa despercebida.

Esse momento também vai ser intercalado com momentos de melodia, e momentos técnicos, que vão se repetir algumas vezes para "ligar" a música, pedacinho à pedacinho, frase à frase. Podendo chegar a momentos de derbacks longos fazendo a ligação com flautas calmíssimas... Podemos visualizar bem isso com a música "Aziza", versão original hein? (Aquela de 12 minutos, que a Micheli Nahid dança no DVD Tempos, na parte de Leitura Musical). Assim, essa rotina se repete até que haja o Momento Caos.

Abaixo, segue o link de um trechinho da música e apresentação de Micheli:


O Momento Caos - Marca o declínio da Música para sua Finalização

E depois de muito "suar a camisa" e dançar muito, a melodia ganha velocidade (às vezes, em algumas músicas, assustadora), e isso exigirá preparo da bailarina pra que a acompanhe, é o momento inverso ao da entrada, o momento de saudar novamente seu público, reestabelecer contato, com a finalidade inversa: Ao invés de se apresentar, a bailarina toma o "ar da despedida"... É hora de ver todos novamente, de forma mais tenaz, mais rápida, mas demonstrando a serenidade de quem está cumprindo seu dever, e hora da bailarina guardar na memória um momento da música, que possivelmente será especial e eterno... normalmente, é dessa hora que ficam as boas recordações de uma dança... Você fez 80% do trabalho, curta um pouco com todos, é assim que EU encaro o momento... momento de registrar na cabeça tudo o que se passa... sem claro, esquecer da técnica...

Introdução Para a Finalização

Temos então, a Introdução para a Finalização, onde a música dá os primeiros sinais para paralizar, o humor muda outra vez, como um... "Pediu pra parar... parou! - que os brasileiros conhecem muito bem"... Nele, a bailarina já possui novamente o centro do palco... e vai utilizar de todos os artifícios possíveis, giros rápidos e etc, para criar a sensação no público de que algo maior precisa vir pra completar o processo... é o Gran Finale chegando.

Gran Finale

Guarde suas armas mais poderosas, e pelo Amor do Cristo, não termine fora da música, estraga tudo, traz uma sensação de frustração... (já passei por isso). E termine, termine feliz e maravilhada e linda e maravilhosa tudo o que começou, triunfante, mesmo que a introdução, e melodia e mudança de humor e outras coisas mais não tenham saído exatamente como o planejado...

E aqui fico eu, e espero que tenha ajudado vocês felinas (como diria Samya Ju), a dançar para outras bailarinas... Porque o público, normalmente nem vai saber diferenciar nada disso...

E mesmo depois desse post gigante, não esqueça que o importante é ser feliz na dança!

A vocês todas, Tahya Brasileye, Amar el Binnaz querida, Samya Ju, Lu Arruda, Nê, Sandra Xavier, minhas aluninhas todas, muito obrigada pelas visitas, e por favor, continuem registrando seu feedback nos comentários, vocês não sabem o quanto me ajudam...

Milhões de Beijos a todas!!!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Vencendo Desafios

Olá queridas!

Diz um provérbio árabe: “Não declares que as estrelas estão mortas só porque o céu está nublado”.

É assim meu momento em minha vida no momento. Digo minha vida, porque fora a saúde e integridade de minha família, nenhum problema em minha vida me afeta mais do que os relacionados à minha dança.

Depois de um tempo longe dos palcos, por opção e condições físicas e psicológicas, (Não dava pra conciliar uma boa performance coreográfica durmindo quatro horas por noite e me preocupando integralmente com problemas da faculdade), descobri que, mesmo fazendo aulas (não com a regularidade desejada) e lecionando dança pra minhas meninas maravilhosas (foi o que salvou meu desenvolvimento na dança nos últimos tempos), eu não dei conta que simplesmente parei... Sim, eu parei de dançar...

Nossa, que choque eu levei quando tentei dançar, do primeiro ao último minuto uma música novamente... Meu mundo caiu...

E nesse momento, me pus novamente a lutar pra reverter a situação, foi sofrimento forçar pra que tudo voltasse a ser como antes... e sempre o sentimento horrível de... "como você pôde esquecer de você mesma?"

Fica o meu recado meninas: Por mais que as circunstâncias sejam desfavoráveis, e que outros males se abatam sobre sua cabeça, não páre... Não páre na vida, e se a dança for parte integrante de sua vida, como é da minha, não páre com ela também, não se esqueça dela, nunca, de forma nenhuma... Por mais que o relógio corra descontroladamente até que já seja novamente dia, e você tenha que voltar para suas obrigações costumeiras, não se esqueça do seu lado bailarina maravilhosa, e exercite-o sempre, pra que ele esteja sempre perto de você, pra que você não se esqueça nunca, jamais, o quanto esse seu lado te faz feliz...

Não se esconda atrás de desculpas, arrume um tempo... pra não "aprender pela dor", sentindo o que eu senti... Pra não se esquecer de você mesma, da sua essência verdadeira... Não se entregue, por mais que seja difícil sustentar a situação...

Como dizia Raul: "...Não pense que a cabeça aguenta se você parar..."

Meninas, é sério, constatei hoje, mais do que nunca na prática de meus 27 anos de vida, que estudar só é válido realmente quando você alia a teoria e a prática, e mesmo lecionando, em se tratando de danças orientais árabes, você não pode nunca deixar de ser aluna, de praticar...

Enfim, não se esqueça de ser "sua própria bailarina", ou o corpo pára, mesmo que sua cabeça e você estejam a mil por hora, no ápice...

Acredite que a nuvem que a perturba hoje, amanhã irá se dissipar, e então tudo se tornará mais claro a sua volta. Persevere. Mantenha-se firme, em trabalho constante. Aos poucos perceberá que tudo vai se tornando mais simples, natural e fácil de ser executado.

Muitos milhões de beijos ayunis queridas!

E escrevam pra mim ok? Saudades de vocês!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Leitura Musical Parte II por Luana Mello


Olá poderosas!!!

Em meus estudos atrás de fontes sobre leitura musical achei um post maravilhoso no blog da Luana Mello (amada e idolatrada... salve, salve! bailarina show), sobre leitura musical, o melhor de tudo, ele indica músicas para estudo... vale a pena conferir abaixo:


* Autorizo a reprodução parcial do texto, mas como sempre, peço que coloquem os créditos.


Neste texto estão muitas horas de estudos e muitas aulas!


Leitura Musical - Por Luanna Mello


A bailarina brasileira viciou no estudo dos ritmos árabes.

Isso é uma grande verdade. Na maioria das vezes vemos a bailarina arrasando na percussão e ignorando completamente a melodia da música. Essa é a primeira lenda que precisamos esquecer.


O ritmo é apenas um norte para a sua dança. Ele vai lhe dizer o que fazer, se você precisa deslocar, se deve se manter no lugar, se precisa ter uma postura mais clássica ou mais 'brejeira'. Só isso.Se for para seguir apenas a percussão então dance um solo de derbak, não uma música clássica. Devemos marcar a percussão de forma específica apenas quando ela estiver mais forte do que a melodia, nos momentos de ausência de melodia ou nos momentos em que ocorrem variações, quer dizer, o percussionista floreou em cima da base.


Para esse estudo ser completo, tire um pouco o foco das músicas pops e moderninhas. Foque nas orquestrasdas, que contém uma infinade de instrumentos implorando para serem estudados!A melodia é a identidade da música, ela é quem dá a essência, o espírito. E nós devemos acompanhar todas as suas evoluções.


Para isso precisamos dar o primeiro passo: reconhecer os instrumentos e aprender a traduzi-los no corpo de forma harmoniosa. Abaixo coloquei os cinco instrumentos melódicos encontrados mais facilmente na música árabe.


Claro que existem muitos outros, mas esses são um bom começo. Ah!! Regrinhas básicas para uma boa leitura: a nota sobe e você sobe, a nota desce e você desce!!! A nota se mantém e você se mantém, a nota oscila e você oscila!!!!


Acordeom


No Brasil, mais conhecido como Sanfona, é meu instrumento favorito. Talvez por que ele seja o mais difícil de ler, para mim ele sempre é um desafio. O acordeom consegue mudar muito rapidamente de notas e alcança muitas escalas em tempos muito pequenos. Essa característica é para nós bailarinas, a principal. É um instrumento muito versátil, consegue sustentar a mesma nota por longos períodos ou ‘rebuscar’ bastante. Além disso, é usando de forma bem simplista nas músicas folclóricas, mas mostra toda a sua complexidade das grandes clássicas. Seu som é sensual e os movimentos que seguem acabam contendo essa cararacterística.Movimentos ondulatórios são obrigatórios na hora de ler este instrumento.


Tire do baú todos os seus oitos e redondos e se prepare para executá-los com muita agilidade, devido às mudanças rápidas de notas. Treine muitas ligações de passos pois o som rico do acordeom não permite pausas nem quebras de movimento. Braços e mãos também são bem vindos apesar do som ser mais pesado e acabar pedindo mais trabalho de tronco e bacia. Andadas e caminhadas simples são muito bem vindas. Em alguns momentos, quando a nota fica muito rápida, cabe até um tremido soltinho e um pouco mais lento.


Nunca aquele tremidão percussivo ok? É muito comum o teclado imitar o som do acordeom, mas a leitura indicada continua a mesma. Você perceberá que o som do teclado é bem mais estridente e não tem a emoção do acordeom.


Cd’s para estudo:. Leila Haddad – faixa 9. Bellydance Superstars vol.3 – faixa 8 (teclado)


Violino


Seu som é extremamente sensual e algumas vezes quando bem tocado ele parece ‘conversar’ com você. As melodias feitas pelo violino chegam a emocionar. Para aprender a ler o violino temos que partir da principal diferença: Violino e violinos, como diz o teacher Maurício, rs.


O violino sozinho pede uma leitura semelhante à do acordeom. Eu disse, semelhante! O violino é bem menos rebuscado e seu som é mais leve, não pede movimentações tão densas. Para dançar um violino você pode usar o corpo todo, de maneira bem delicada. Algumas vezes ele pedirá mais força, mas nunca excesso de movimentos. Já quando temos vários violinos – a quantidade depende do tamanho da orquestra – essa leitura muda.


Os movimentos precisam ficar mais grandiosos e os deslocamentos começam a entrar em ação, cheios de giros, contratempos, arabesques e afins. Claro que o tamanho do deslocamento vai ser definido pelo ritmo de base, aí entramos com a importância do ritmo. Aproveitando mais uma frase do Hossam: ‘Quando ouvir uma orquestra inteira, por favor, não fique parada no lugar!’


Cd’s para estudo:. Sahra Saeeda – faixa 2. Faddah – faixa 1 (atenção especial à introdução)


Flauta


Quando ouvimos uma flauta, entramos em outra vibração. É um som angelical, sublime, leve. Assim também devem ser nossos movimentos: Suaves, delicados e definidos. Definição é importante, pois ler uma flauta pede bastante domínio do instrumento, afinal a flauta consegue ficar muitos segundos na mesma nota e de repente quando você menos espera, ela cai, ou sobre absurdamente. Ou, o que é pior, faz uma variação que você mal consegue ouvir. Isso exige uma técnica apurada por parte da bailarina.


Existem muitos tipos de flautas árabes. A mais comum é a Nai, mas temos também a Khawala, que tem um som mais rouco. Mesmo com as diferenças, a leitura é praticamente a mesma. Para a flauta movimentos bem leves. Braços e tronco são os mais indicados por serem mais sutis. Isso não impede que você abuse das ondulações; mas lembre-se que a intensidade deve ser diferente. Se não você vai acabar lendo uma flauta como leu o violino, e eles são bem diferentes. O cuidado deve ser maior numa música que tenha os dois instrumentos, você deve se preocupar em diferenciar bem a leitura dos dois.


Cd’s para estudo:. Leila Haddad – faixa 8. Sahra Saeeda Layali Zaman – Baed Annak


Alaúde


O som do alaúde é semelhante ao som do violão. Claro que se você perguntar para um músico ele vai dizer que não tem nada a ver, e dar mil explicações de todas as diferenças, mas para nós bailarinas, são parecidos hehehe e ponto final. Os instrumentos de corda, que são dedilhados, têm associação direta com o tremido de quadris, que é realmente a leitura mais indicada. Mas isso não quer dizer que, em uma música inteira de alaúde, você deva tremer o tempo todo.


Você pode explorar outras formas de movimentos que consigam ler os detalhes das cordas. Atenção especial aos agudos que são colocados repentinamente dentro de uma frase melódica. Eles são imperdíveis.Como disse o Hossam, para ler o alaúde: ‘Shimie, shimie, shimie.’ Mas o shimie só não basta, ele serve apenas para traduzir a intensidade das cordas. Para pegar a melodia e suas evoluções você precisa unir o tremido aos movimentos ondulatórios. Então, haja pernas e criatividade, e muito treino para conseguir variações de tremidos. O melhor tremido para o alaúde é aquele bem soltinho, que mostra também o espaço entre as notas e cordas. Se as variações acelerarem você acelera e se diminuírem você diminui também. Lembra? ‘ Se a música faz ////~~//, você faz ////~~//!’ E por aí vai.


Cd’s pra estudo:. Leila Haddad – faixa 10.


Oud Bazar Kanoun


Mais um instrumento de corda dedilhado. Lembrem que existem instrumentos de corda que não são dedilhados como o violino e o violoncelo. Além de dedilhado o kanoun é um instrumento de grande complexidade. Suas ‘centenas’ de cordas nos dão um som riquíssimo e muito difícil de traduzir no corpo, pois as escalas mudam de forma muito rápida, tipo, rs, quando você se deu conta vinte notas já se passaram e você ainda está na primeira.


O kanoun consegue partir do grave para um agudo muito alto em muito pouco tempo. E mais uma vez bailarina tem que se ‘rebolar’ para conseguir acompanhar. Assim como o alaúde, o kanoun também pede tremido. Desta vez o tremido é menor e mais compacto, pois as cordas são mais ágeis e deixam menos espaço entre as notas. E o tremido também é composto, unido com movimentos variados para que você consiga ler todos os ‘sobes e desces’ das frases melódicas.


Cd’s para estudos:. Nadia Gamal – faixa 7. Jalilah’2 – faixa 1


Para um estudo mais completo, ouça várias músicas clássicas e disseque os instrumentos. Vá anotando todos os que aparecem e depois confira com a sua professora. A partir de hoje quando for coreografar, você vai enxergar a música de outra forma. Abaixo colocarei algumas músicas ricas em instrumentos que vão render muitas horas de estudos. Acesse o link abaixo e confira alguns estudos de musicalidade que tomaram forma através de coreografia. Vocês verão a minha apresentação com a música Alf Leila, e a apresentação de minha aluna Sheila Benavente, onde seguimos da melhor forma possível este estudo.


Dá pra conferir de forma mais nítida as mudanças de instrumentos e as variações percussivas!!http://www.luannamello.com/pesquisa/videos.html.


Músicas para estudo:. Rakset el Gwaya – Jalilah’s 3, faixa 1. Al Leila wi Leila – Jalilah’s 3, faixa 2. Sahra Saeeda – Sahra Saeeda, faixa 1.Fadwa – Bellydance Orieny vol.9, faixa 2.Haissan ya Khouli Genina – Arabesque Oyoun, faixa9.Oyoun – Arabesque Oyoun, faixa 1


Bons estudos!!


Então meninas, o post da Luana dá dicas super importantes para a Leitura Musical, por isso considerei importante deixá-lo aqui, no blog, mesmo porque está autorizado por ela utilizar. Caso queiram conhecer o blog, que tem muitas dicas super legais, segue o link:




Beijus queridonas, e Lulu, muito obrigada por compatrilhar seu tempo e conhecimento conosco!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Leitura Musical na Dança do Ventre




A leitura musical é de extrema importância na Dança Oriental Árabe, sem ela, corremos o risco de cometer sérios erros na dança. Como podemos ler nos textos do músico Hossam Ramzy: “A bailarina é parte da orquestra!”, e ele se refere à conexão e harmonia entre a música e a bailarina.

Minha atual professora, Tahya Brasileye sempre explica que a bailarina precisa sentir a música, de tal forma que pareça “tocar os instrumentos com o corpo”. Você precisa estar em conexão com a música, de tal forma que consiga traduzir sons em movimentos, e que essa tradução pareça ter vindo de você. Isso dá “o efeito” para o público, e faz o maior sucesso entre as outras bailarinas... afinal, sempre dançamos pra elas também.

Pra mim surgiu a necessidade de um estudo mais detalhado sobre a Leitura Musical na Dança do Ventre quando assisti os vídeos de solo de percussão da Michelli Nahid, a dança da Luana Melo, os trancos da Jade El Jabel, as interpretações via you tube da Luciana Arruda no vídeo "Dona do Dom", que arrasa principalmente em músicas nacionais, made in Brasil, os derbacks da Nesrine, e o vídeo da Fifi Abdo que ela interpreta bem no início um solo de alaúd só com o quadril, (se quiser dar uma olhada está no post sobre Fifi Abdo)... são performances impressionantes... São detalhes que fazem a diferença: o movimento certo na hora certa, pausas, movimentos de impacto quando a música pedir e não na hora que se quer fazer, emendas, etc… isto faz a ligação entre a bailarina e música. Notei isso apenas depois de uns anos de dança, infelizmente, mas meninas, faz toda a diferença!

Sem a leitura musical, polui-se demais a música com a vontade de executar o maior número de movimentos, quando muitas vezes o simples bem feito vale mais que mil passos. Cria-se acentos onde não existem, coloca-se tremidos onde a música não pede, intensifica-se movimentos que deveriam ser mais sutis. Isso detona a bailarina em qualquer banca examinadora de concursos. Não podemos esquecer que a música vem junto com a técnica, e de nada adianta conhecer superficialmente a música que se vai dançar. O ideal é estudar muito cada frase musical, para criar em sua memória um leque de opções de movimentos que encaixem perfeitamente em cada parte. Por isso, hoje entendo, porque muitas bailarinas dançam a mesma música várias vezes… tem aquela famosa falta de tempo de estudar uma outra, mas também a intimidade com aquela que já se estudou bastante e com isso o domínio musical será maior e a cada vez que se dança vai se descobrindo novos caminhos, novas possibilidades.

Quando estudamos uma música devemos observar:

* Os instrumentos e tento traduzi-los no corpo de forma harmoniosa. Isso, só com bastante prática mesmo;

* RITMOS ÁRABES, sem eles não é possível interpretar a música de forma perfeita e MELODIA
* Estude a estrutura das frases musicais;

* Tento responder com o corpo as mudanças de nuance da música (música intensa = movimentos intensos; pausa na música = pausa na dança; etc).

Sugestões para estudo:

* Ouça os sons dos instrumentos árabes separadamente para acostumar o ouvido à eles e depois ficará mais fácil reconhecê-los no meio de uma música. Ex: Kanoun, acordeon, flauta, violino, alaúde, etc.

* Estude músicas orquestradas ou clássicas, que contém uma infinidade de instrumentos. As músicas de Omm Khaltoum também são ricas para estudo, porque normalmente tem solos de instrumentos melódicos.

No DVD Tempos da Michelli Nahid ela dança a música “Aziza”, em sua versão mais completa, e no vídeo, ela apresenta os instrumentos e seus respectivos sons... muito bom de ver, e bem didático, eu recomendo...

* Ouça a mesma música várias vezes, deixe-a entrar em você. Você vai ver como depois de algumas repetições, você começa a ouvir detalhes da música que antes passavam despercebidos.
A vocês queridas habibas, aguardo suas contribuições nos comentários, muitos beijos!

OBS.: como aprofundar no assunto exige maios pesquisa e responsabilidade total com o que vou escrever aqui, estou bolando um post para ritmos, melodia e frases musicais, aguardem meninas!